terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um pouco de tudo



Passou por aqui um pouco de tudo
Um pouco do meu eu fragmentado em alma e carne
Despedaçado em partes perdidas

Passaram ilusões e paixões
Passou um amor que não era amor

Apenas passou...
Como passaram as estações
E as pegadas que somem na areia

Passou tanto sentimento dentro de mim
E ainda há muito que sentir

Tanto sentir que minhas palavras machucadas
Não podem exprimir

Passaram as memórias
Agora perdidas no labirinto do tempo

Mas não passou a solidão
Essa que me cala no silêncio do escuro

Não passou a dor
Um gosto acre de tanto rancor

Mas vai passar...
Como a tempestade que o vento
Traz e leva da minha janela

Passaram os momentos
Os sentimentos...Os tormentos
E ainda há muito que sentir.


Patricio Junior
27.08.08
Gravura


Eu fui...
Um traço fosco na palidez da tela
Um verso inacabado

Fui escrava do meu corpo
Do desejo fluido... do toque aveludado
Das bocas e mãos

Tão livre para esquecer de tudo
Dona de uma liberdade docemente precoce
E agora prisioneira do meu amargo lembrar

Um tempo que não era meu
Mas era o agora e era a hora
O tempo para fazer e ser tudo...

Mas eu era tão perdida
E esquecida dentro de mim

Eu fui tudo em tão pouco tempo
Nas mais abstratas, absurdas
e inconvenientes definições

Um vício...uma cura
Um poço de sonhos adormecidos
Uma ferida de medos e pesadelos

Hoje... um ser imutável... monocromático
Instrumento das ilusões alheias

Eu fui à loucura mais sã
Fui morte... fui vida
Uma gravura pendurada na sua parede fria.


Patricio Jr
12.11.08
Menina da Folia


Ah! O Carnaval...
A felicidade arrebatada
A euforia da folia

Faz da ilusão minha pobre alegoria

A menina da alegria
Desfila pela rua todo seu gracejo
Um corpo que exala desejo

Ah! a menina da folia
Faz o meu carnaval mais feliz

Ela balança o ventre
Dança sem música
Faz do corpo sua melodia

Tem cor
Tem vida
Tem paixão

Traz teu carnaval pra dentro de mim
Extrapole meu coração
Da mais louca e doce ilusão

Lá se foi a menina da folia
Levou embora minha pequena alegria

Foram embora os desejos
Os sonhos e devaneios

Tudo agora é pó
É cinza e chuva.

Patricio Junior
31.01.08
Poema Litográfico


A Pedra e um desenho
Um movimento infinito
Limpo ao toque das mãos

Uma estranha força carinhosa
Que não deixa traços e rabiscos
Apenas um vestígio

A Pedra que nasce e morre
Pedra que quebra
Molhada e seca

Gordura pura
Acumula e acidula
Nua e crua se machuca

A vida é Pedra

Pedra que quebra
Renasce do chão
Pedra que alimenta a ilusão

Apaga de vez
O desenho vazio
Deixado pela solidão

A vida é Pedra.


Patricio Junior
07.07.09
Beijos


O Beijo roubado
O Beijo esquivado
O Beijo mal-amado

Descompromissado
Mal-intencionado

Beijam por beijar
O beijo banal
Nada sentimental

Apenas carne
Lábios
Saliva

O Beijo que engana
O Beijo que leva pra cama

O Beijo iludido
O Beijo reprimido
O Beijo amigo

Beijo rancoroso
Truculento
Sabor de veneno

O Beijo que eu não quis
Da boca da meretriz

E sinto nos beijos
Meus erros e acertos

O Beijar e gostar
Beijar e enganar
Beijar e chorar

Beijar...
Sem ao menos ter alguém para amar.

Patricio Junior
21.04.08