sexta-feira, 2 de novembro de 2012




                                            Sisifismo

Não te chamei para o teatro
talvez porque não merecesse
Ou sabe-se lá o quê

Não te chamei porque não me procuraste

Por isso... fui só
na busca da ilusão alheia

Envolto a escuridão
abre a cortina de luz e ilusão

Pensamentos longínquos
exercícios de sisifismo
deparo-me no abismo

Não sou sofista
ou romancista... Apenas um ensaísta
do teatro da vida

Repleto de cansaço e indagações
eu no precipício cercado de indícios  
o construir de um novo início.

                                                                              Patricio Junior
                                                                                                02.11.12

quinta-feira, 20 de setembro de 2012


                          Ao Monte

O amor é complexo
Deixa tudo desconexo

Transa sem sexo
amor sem versos
e o tal beijo que nunca acontece

Não vivo mais um romance
sou um ser pulsante e viajante
sonhando vou além do distante

Um rosto que vi ao longe

Quero o óbvio do ópio
a monotonia da tua monogamia
um chá da sua companhia

Viver ao teu lado mais um dia
Quem diria...com ou sem alegria

E deixo para trás quem me trouxe agonia
Fujo! Vou viver a vida!

Tem gente por aí...
Que gostaria de apenas mais um dia.

                     Patricio Junior
                              20.09.12

terça-feira, 11 de setembro de 2012



  18h

A solidão já me fez melhor companhia...

Nesses dias tão vazios
toda a casa é chocha
a parede que você pintou...é roxa

Você já foi melhor
soubeste aproveitar todos os espaços
e todos os cômodos da casa

Já consigo ver a sua cor
branca da cor do meu silêncio
e roxa de rancor

Havia mais um pouco de tudo
Mais um pouco de solidão
Do meu lado todo dia... à sua companhia.

                                                                                 Patricio Junior
                                                                                                     11.09.12

sábado, 25 de agosto de 2012


Deixa...

Deixa tudo assim...
a garrafa virada na mesa
e o copo vazio de cerveja

Deixa...apenas deixe...
o silêncio tomar toda a sala
até que o galo cante invadindo a madrugada

Deixa...apenas deixe...

Um maço vazio de cigarros...
e a janela aberta para o som da rua
que um dia nos desperta

Deixe-nos nu
sem coberta e sem hora
sem a pressa do “vambora”

Apenas deixe minha pele nua colada na tua
aquela que aquece e umedece

Deixa... apenas deixe...

Um pouco de tudo
já se fora o orgulho e o pudor
não quero mais lamúrias de amor

Deixa tudo pra lá...
o pra quê do início de tudo
se queremos o meio sem chegar ao fim

Vamos...apenas deixe
sem pensar no começo e recomeço

Deixa...apenas deixe...
tudo sem rumo e sem resumo
calcado pela nossa vontade do avesso.

                                                               Patricio Junior
                                                                        25.08.12

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

sábado, 11 de agosto de 2012


                                        Aurora

Ora! Vamos embora...
Neste céu não existe aurora

Outrora chega a hora da aurora
Tão longe do Sul ao Norte

Céu roupante de lusco-fusco brilhante
Ora...Ora...bela e doce senhora
em busca da aurora

À noite me fizeste um rei
ao beijar-me no cavo dos teus lençóis

Ora...doce senhora
à espera da aurora
o tempo é breve e a vida urgi

Vem dançar esse canção
a bossa da aurora
Que já fora um dia nova.

                                                                          Patricio Junior
                                                                               11.08.12

sexta-feira, 13 de julho de 2012


                   Moça                                                  


Fica a paixão por um oi
deslumbra o sorriso

Acalenta o abraço
no vulto de um beijo

Nesse seu caminhar...

Dentro do meu olhar
tudo fica mais claro
dona do riso fácil

A moça que caminha
e me deixa sem graça

E das lembranças...
um passo vacilante
um laço...um travo

Guardo tudo no passado
trancafiado e desconfiado

Às vezes ela ronda e assombra
vem à tona e detona

A moça que caminha...
Deixou-me na sombra.
                                                                                  Patricio Junior
                                                                                        13.07.12

sexta-feira, 6 de julho de 2012


                                   Baumanismo


No tempo de liquidez das coisas...

A modernidade é líquida
O amor é líquido
O medo é líquido

Paixões platônicas absurdas
sem adereços e endereços
com nomes que não conheço

São páginas lamuriadas e viradas
de histórias que não quero mais contar

Vozes emudecidas
de gritos fraquejados
talhados no escuro 

A vida se faz e refaz veloz
O amor no tempo célere
O amor no tempo certo.


                                                                          Patricio Junior  
                                                                                  06.07.12

quarta-feira, 4 de julho de 2012

                         Chavão


Tudo por aqui é vão
as paredes também têm vão
o silêncio é vão

O vão sem o afã de encontrar o chão
palavras vãs
no chão sem vão

No recôndito da alma
lá no fundo... profundo
tudo não passa de ilusão.
                                                                      Patricio Junior
                                                                             04.07.12

quinta-feira, 21 de junho de 2012


Sonhar é vencer.                                                              
            
Essa pequena história começa em 1997, no bairro de Madureira no colégio Lemos de Castro. Tudo era muito novo pra mim, confesso que estava perdido e só queria saber de jogar basquete, astronomia, escrever poesias e ver o mundo passar pela janela do meu quarto. Não sabia o que era amor – e acho que levamos uma vida inteira para descobrir a plenitude deste sentimento -, mas sabia piamente o valor das amizades que passariam por mim nos três anos daquele curso.

Ingressei no 2°grau técnico em telecomunicações; sonhava em captar ondas de rádio alienígenas através de antenas parabólicas apontadas para alguma estrela céu.

No primeiro dia de aula, aquele frio na barriga – sensação que deixara nas lembranças do meu primário - tomava conta daquele jovem de 18 anos, curioso com o mundo e as pessoas que o cercavam. Tudo era muito novo e o novo era extremamente sedutor.

Comecei a subir as escadas procurando a minha sala e turma. Rodeado por vozes desconhecidas e conversas paralelas que eu mal podia entender. O desconhecido era meu acompanhante em cada degrau daquela escada cinza e larga. De repente, me deparei com a turma que iria me acompanhar por três anos. Feições amigáveis, sorrisos bonitos, alguns tímidos e muita energia contida em cada um deles.

O ano letivo foi caminhando e comecei a fazer novas amizades; entrei para equipe de basquete do colégio, o que facilitou a minha relação com outros alunos do colégio.

Mas a minha turma era especial, éramos entrosados e consolidamos uma amizade muito gostosa que se desenvolvia a cada aula, a cada intervalo daquelas semanas, meses e anos. Sendo assim, decorava o nome de cada um deles, gestos, manias e olhares. Uma visão romântica e muito particular de cada amizade que eu havia construído no tradicional colégio do bairro de Madureira.

Um dos integrantes desta turma tão heterogênea era Miltinho Duarte. Gordinho, simpático, comunicativo, dono de um riso fácil e dotado de um senso de humor incrível. Ele era o cara que me fazia rir toda vez que eu olhava para ele. Conhecia tudo e todos no colégio, o mais popular, o cara que deixava a sua marca pessoal por onde passava.

Miltinho abandonaria o curso técnico no final do 1°ano e voltaria para o 2°grau de “pessoas normais”. Aquele curso era muito sério para ele. Não tinha nada a ver com a personalidade do Miltinho. Uma pessoa comunicativa, simpático com todos, ele merecia desbravar horizontes mais promissores, e não lidar com circuitos integrados que faziam LED´s acender ou apagar.

Os anos foram passando e com ele a ingratidão do tempo, o hiato de uma amizade que se perdera pela ausência do viver e conviver. O 2° grau passou para Miltinho assim como passou para mim e para todos os integrantes da minha turma. Perderia o contato, a convivência, o companheirismo e a diversão daqueles três anos em Madureira.

Hoje, com o advento das redes sociais, nos encontramos e mantemos contato, mas nada suplanta o que vivemos no primeiro ano do curso técnico.

Através da notícia de um amigo, fiquei sabendo que Miltinho Duarte adoecera e estava com câncer. Sabe aquela sensação de você achar que isso não vai acontecer com ninguém da sua família e amigos? Que tudo não passa de um drama hollywoodiano ou de um folhetim das 20h que assistimos todos os dias.

Sete anos atrás, perdia minha querida avó Waldivia Cavalcante, a mulher mais incrível e espirituosa que eu conheci em toda a minha vida – Waldivia falecera de câncer no leito da UTI em uma sexta-feira - a vontade de viver era maior que a decrepitude de seu corpo, sua mente ainda ativa maquinava sem parar, ideias e cantigas de uma infância distante em Maceió.

Waldivia Cavalcante e Miltinho Duarte são pessoas especiais. Não é o fato de serem acometidos pela mesma doença, mas pela vontade de viver e vencer. O fato de nunca desistirem, de lutar pela vida e pelo amor que temos por ela.

Sabemos que viver é difícil, mas sabemos também que a vida é frágil e a complicamos porque queremos; pela falta de dinheiro, pelo carro novo que você quer, pelo amor não correspondido, pela dor, ausência, saudade e a ganância de ser e ter o que você não é. A vida é frágil e alimentada de sonhos. O sonhar em viver, o sonhar em vencer.
                                                                                              
Patricio Junior   21.06.12

segunda-feira, 18 de junho de 2012


                                              AA

Acólitos Anônimos
Alcoólicos Anônimos

Abrigo Anônimo
Abraço Anônimo

Anacrônico Antônimo
Antônio Acrônico

Android Afônico
Atonia Agonia

Amor Atópico
Em versos adversos.


                                                                                              Patricio Junior
                                                                                                          19.06.12

sábado, 2 de junho de 2012

 Piloupagismos

Piloupas
Piloupônica
Piloutrônica
Pilougâmica
Piloufônica

Piloura
Piloucura

Piloufóbica
Piloucrômica
Piloucômica
Piloucrônica

Pilouquite
Pilouquice
Piloupasiste

Piloupagia
Piloulogia

Piloutropia
Piloutrôpica
Piloupismo
Piloupasia

Piloupassista
Piloulítica
Piloutecnia

Pilouterapia
Piloupacência
Piloupas isso
Piloupas aquilo

mas, porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo
fica eu sem vós
você sem eles
eu sem tu
tu sem eu

não obstante
ainda um pouco distante.
                                                                                       Patricio Junior
                                                                                                01.06.12

sábado, 19 de maio de 2012


Neste inverno...

quero mais é que você se aqueça,
mas não me esqueça...
gosto do beijo sabor cereja

no inverno quente do abrigo da tua pele
na pele com pele que não repele

de um abraço apertado
do carinho longo-demorado-melado
e do gosto do café quente da tua boca

do toque inesperado
na ânsia da madrugada

um ócio de inverno
um equinócio de sonhos. 

                                           Patricio Junior
                                                            06.05.12