terça-feira, 22 de setembro de 2009

Gravura


Eu fui...
Um traço fosco na palidez da tela
Um verso inacabado

Fui escrava do meu corpo
Do desejo fluido... do toque aveludado
Das bocas e mãos

Tão livre para esquecer de tudo
Dona de uma liberdade docemente precoce
E agora prisioneira do meu amargo lembrar

Um tempo que não era meu
Mas era o agora e era a hora
O tempo para fazer e ser tudo...

Mas eu era tão perdida
E esquecida dentro de mim

Eu fui tudo em tão pouco tempo
Nas mais abstratas, absurdas
e inconvenientes definições

Um vício...uma cura
Um poço de sonhos adormecidos
Uma ferida de medos e pesadelos

Hoje... um ser imutável... monocromático
Instrumento das ilusões alheias

Eu fui à loucura mais sã
Fui morte... fui vida
Uma gravura pendurada na sua parede fria.


Patricio Jr
12.11.08

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